A realidade dos Yanomami, um dos povos indígenas mais vulneráveis do Brasil, é uma história de abandono e tragédia. Utilizados como peça de campanha pelo governo atual, os Yanomami continuam sofrendo com a falta de ações efetivas e o agravamento de suas condições de vida. Um ano e meio após a emergência decretada pelo governo Lula, o cenário de mortes, fome e invasões garimpeiras só se intensificou.
O descaso do governo com os povos originários
A situação dos Yanomami levanta uma questão crucial: por que o governo falha em proteger os povos originários? A suspensão dos boletins que informavam sobre as mortes no território Yanomami sugere um propósito deliberado de ocultar a gravidade da situação. De janeiro a dezembro do ano passado, foram registrados 363 óbitos, um aumento de 6% em relação a 2022. Desde fevereiro deste ano, há um apagão de dados, e o governo não oferece explicações claras para essa interrupção na divulgação de informações cruciais.
Genocídio silencioso?
As mortes constantes e quase diárias entre os Yanomami podem ser vistas como um genocídio silencioso. A responsabilidade por essas tragédias recai sobre o governo federal, que não tem cumprido suas promessas de ação permanente e efetiva. Além disso, os órgãos de controle parecem inertes, incapazes de interromper a violência e a exploração que assolam o território indígena. A mídia e os artistas, por sua vez, permanecem em grande parte em silêncio, falhando em usar suas plataformas para denunciar o que está acontecendo.
A falta de transparência e suas consequências
Desde a repercussão negativa sobre o aumento das mortes no território Yanomami, o governo federal suspendeu os informativos que traziam esses dados. O último boletim foi divulgado em dezembro de 2023, com uma atualização parcial em fevereiro de 2024, que só trazia um balanço do ano anterior. A ausência de dados atualizados impede uma compreensão clara e a elaboração de estratégias eficazes para enfrentar a crise.
A ameaça do garimpo ilegal
O garimpo ilegal continua a ser uma ameaça devastadora para os Yanomami. A mineração não apenas destrói o meio ambiente, mas também espalha violência e doença entre as comunidades indígenas. O governo havia prometido expulsar os garimpeiros e impedir o avanço da atividade ilegal em 2023, mas um levantamento do Greenpeace mostra que, nos primeiros seis meses deste ano, o garimpo aumentou 6% no território Yanomami.
Um chamado à ação
A Terra Indígena Yanomami, demarcada há mais de 30 anos, abrange quase 10 milhões de hectares e abriga cerca de 31 mil indígenas. Apesar das promessas de proteção e ação governamental, a situação continua a piorar. O Ministério Público Federal (MPF) exigiu que o governo federal estabelecesse um novo plano de ação para proteger os Yanomami, mas até o momento, as respostas são insuficientes.
Conclusão
A crise na Terra Yanomami é um reflexo do descaso do governo com os povos originários. A falta de transparência, a inércia dos órgãos de controle e o silêncio da mídia e dos artistas contribuem para a perpetuação desse genocídio silencioso. É imperativo que haja uma mobilização nacional e internacional para pressionar o governo a cumprir suas promessas e proteger verdadeiramente os Yanomami de mais tragédias.
Por: Douglas Ferreira